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Dia Nacional do Ecoturismo

Por Jessica dos Anjos de Oliveira

Bióloga e Guia de Ecoturismo


Eu te desafio a nunca ter sentido um grande alívio e relaxamento ao contemplar uma paisagem de imensidão, ao pular nas águas de uma cachoeira ou ao observar uma ave ou flor pela primeira vez. Praticamente todo ser humano em algum momento busca o contato com uma natureza mais selvagem que aquela encontrada em áreas urbanas. É aí que o ecoturismo entra: como forma de lazer e de aproximação das pessoas com os ambientes naturais. Mas mais do que isso, sem que você perceba, o ecoturismo busca te tornar um aliado na conservação da natureza. Hoje, 1º de março, é o dia escolhido para celebrar o Ecoturismo no Brasil.


Ecoturismo pode ser definido como um segmento do turismo que usa o patrimônio natural e cultural de forma sustentável, ou seja, garantindo seu uso a longo prazo.

O ecoturismo busca formar uma consciência ambientalista por meio da interpretação ambiental e incentivando a reflexão do visitante.

E tudo isso deve ocorrer com a partilha dos benefícios com as comunidades receptoras, de modo a torná-las protagonistas da atividade. O ecoturismo tem, portanto, o potencial de se tornar uma importante atividade econômica em locais que possuem grande biodiversidade, ambientes únicos, paisagens cênicas e comunidades tradicionais, como a Amazônia.

Foto: Boto-cor-de-rosa (Inia geoffroensis), Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, Amazonas, Brasil.


Mundialmente conhecida e debatida, a Amazônia brasileira perdeu 20% de seu território original e os 80% restantes são casa para 24 milhões de brasileiros. Com uma proposta econômica alternativa às atividades que promovem o desmatamento, o ecoturismo harmoniza lucro e floresta em pé. Há seis anos na região, já trabalhei em iniciativas de turismo de base comunitária em reserva de desenvolvimento sustentável com ribeirinhos no Amazonas, turismo de pesca esportiva em terra indígena em colaboração com aldeias no Pará e turismo de observação de fauna em reserva particular do patrimônio natural no Mato Grosso. Mas não se engane: todos os demais biomas brasileiros além da Amazônia são absolutamente propícios para atividades em contato com a natureza.


Foto: Visitantes da Pousada Uakari observando vitória-régia (Victoria amazonica) com guia local ribeirinho, Amazonas, Brasil.


Foto: Menina Kayapó observando paisagem, Terra Indígena Menkragnoti, Pará, Brasil.


Como guia de ecoturismo, natureza para mim é uma religião. Sinto um prazer imensurável ao caminhar em um ambiente natural, onde tudo parece estar no lugar certo, onde não há som de carros ou letreiros coloridos.

O trabalho de guia “naturalista” começa com a paixão e o fascínio por tudo que é vivo, passa pelo estudo da história natural destes organismos e se encerra com a transmissão dessa paixão e desse conhecimento em forma didática ao visitante. Com sorte, conseguimos “contagiar” os ecoturistas e ganhar aliados cada vez mais fortes para a conservação de áreas naturais, parques e reservas.

Foto: Anta (Tapirus terrestris) atravessando rio Iriri próximo a Kendjam Lodge, Terra Indígena Menkragnoti, Pará, Brasil.


Uma das melhores coisas do meu trabalho é a observação de animais de vida livre. De aves a mamíferos, répteis, anfíbios, insetos, aranhas... Todo animal tem um “papel”, aspecto, aparência ou comportamento interessante na sua própria existência.

Ter uma rotina diária em ambientes remotos como do hotel de selva que eu trabalho te permite ter sempre novas observações. Num mundo cada vez mais ansioso e digital, o ecoturismo oferece uma possibilidade de viver o momento presente, experienciar o mundo real – o da natureza, olhar para além de si e aprender coisas novas pelo simples prazer do conhecimento.

Foto: Macaco-aranha-de-cara-branca (Ateles marginatus), Reserva Particular do Patrimônio Natural Cristalino, Mato Grosso, Brasil.


Foto: Jessica dos Anjos em torre de observação do Cristalino Lodge, Mato Grosso, Brasil.


Que tal planejar uma viagem de ecoturismo no Brasil na próxima oportunidade?


OBS: Mesmo com a pandemia, há diversas operações de ecoturismo que se adequaram a rígidos protocolos de prevenção e combate à COVID-19.

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